Publicado em: 14.07.2022 ás 8:01 AM
FUNAE electrifica sede de Mapulanguene

A sede do Posto Administrativo de Mapulanguene, no distrito de Magude, província de Maputo, vive uma simbiose de ansiedade e expectativa na sequência dos ensaios em curso à rede eléctrica, instalada pelo Fundo de Energia FUNAE, FP, com vista a sua electrificação com recurso a uma mini-rede fotovoltaica.
Na sequência dos ensaios em curso desde sexta-feira, as noites escuras e o silêncio absoluto sobre as casas, ruas e atalhos do pacato vilarejo, que dista a 250 quilómetros da cidade de Maputo, têm estado a ser marcadas por animadas e demoradas conversas entre os jovens e adultos, debaixo da luz dos postes de iluminação pública e as crianças em reboliço alegre, sem medo da escuridão de outrora.
O FUNAE, FP construiu, em Mapulanguene, uma mini-central solar orçada em cerca de 80 milhões de meticais, com capacidade de produzir 519,8 quilowatts (kWh/dia) e armazenar 600kWh. Comporta um total de 294 painéis solares. A extensão da rede é de cerca de sete quilómetros em redor daquele lugarejo.
Numa primeira fase, a infra-estrutura vai alimentar 219 beneficiários desde os estabelecimentos comerciais, residências de particulares, o edifício da administração local, centro de saúde, escola primária completa, as moradias tanto do professor quanto do enfermeiro. A mini-rede contempla também um total de 81 candeeiros de iluminação pública.
Ao contrário da modalidade de construção civil anteriormente usada pelo FUNAE, FP para edificar as casas de baterias, a mini-rede de Mapulanguene aparece como pioneira no emprego do modelo contentorizado que e de fácil instalação, consome menos espaço para armazenar as baterias. Está equipado de baterias de iões lítio contrariamente às outras centrais cujo material é feito de ácido e chumbo.
O advento da energia eléctrica segundo o Chefe do Posto, Fernando António, surge como resposta ao pedido há muito feito pelos residentes de Mapulanguene que outrora beneficiaram do acesso a energia eléctrica mas que por motivos vária ordem ficou descontinuado.
“O acesso a energia sempre esteve no topo das prioridades dos residentes de Mapulanguene. Por isso a conclusão e entrada em funcionamento da central solar vai alavancar o desenvolvimento do posto administrativo, através do desenvolvimento de várias actividades comerciais e económicas que antes era impossível realizar”, disse António.
A título de exemplo, segundo o chefe do posto, a rede comercial de diversos bens de consumo não era prioridade dos residentes de Mapulanguene, devido a falta de energia. Porém, com o advento da luz, muita está seguramente prestes a mudar. A energia vai, sem dúvida, melhorar a renda das famílias e reduzir sobremaneira os elevados gastos.
Mapulangune, com 2600 habitantes, é um posto administrativo com fortes laços históricos com a vizinha África do Sul, aliás basta afirmar que o posto fronteiriço, ora encerrado, dista a apenas 15 quilómetros. Naquele país vizinho, os seus residentes adquiriram diversos artigos, que não podiam fazer uso. Mas a nova aurora vai moldar uma nova realidade.
As famílias, excepto aquelas que conseguiram adquirir meios de iluminação que garantem serviços mínimos, recorriam a querosene ou petróleo de iluminação para clarear as suas casas, durante as noites, mas realidade que passará para história. Acabará também, segundo António, o cenário de até 10 telemóveis a carregar no centro de saúde, nas residências particulares e até mesmo casa do chefe do posto.
“Só nesta fase de ensaios da rede de electrificação é possível constatar que a vida mudou”, afirma o chefe do posto, acrescentando que os residentes estão mais seguros ao caminhar pelas ruas da vila durante a noite. Não apenas a concretização de um sonho, mas também a sua transformação.
A liderança local, segundo o chefe do posto, já desencadeou uma ofensiva de sensibilização dos residentes, em parceria com a Polícia da República de Moçambique (PRM) sobre a necessidade de preservar os equipamentos. O maior desejo é que o trabalho seja rapidamente concluído para a definição da estratégia segurança da central.
Serafina Ngonhama, nativa e residente em Mapulanguene, alegra-se com a boa nova, porque abre uma janela de oportunidades para muitas mulheres que dependiam apenas do campesinato para a renda familiar, mas agora pensam em um negócio, como a comercialização de refrigerantes e caril, devido ao potencial pecuário do posto.
A par da mini-rede de Mapulanguene, os residentes têm também um fontanário onde passarão a tirar o precioso líquido para uma melhor higiene individual e colectiva. O FUNAE construiu ainda um bebedouro para o gado dos criadores locais.
O FUNAE é uma instituição pública cuja missão é promover maior acesso à energia de forma sustentável e racional, que contribua para o desenvolvimento económico e social do país. A sua visão é tornar-se numa instituição de referência na disseminação e promoção de fontes alternativas de energia e na eletrificação rural.