Moçambique tem diferentes recursos de biomassa para produção de electricidade:
Biomassa Florestal
Moçambique tem actualmente atribuídos mais de 1.7 milhões de hectares para plantações florestais e apresenta condições excepcionais em incremento anual para desenvolvimento de plantações dedicadas.
A biomassa de origem florestal utilizada como fonte de energia para a produção de electricidade ou calor pode ser proveniente dos sobrantes ou resíduos lenhosos da exploração convencional da madeira (os ramos, bicadas e copas dos cortes florestais ou das árvores eliminadas nos desbastes) ou proveniente da totalidade da matéria das árvores que são colhidas após plantação dedicada à exploração florestal para fins energéticos.
A sua utilização como fonte energética ocorre normalmente em centrais de produção de energia eléctrica através da sua queima em caldeiras que produzem vapor que, uma vez expandido, gera electricidade. Estas centrais devem localizar-se nas imediações de territórios com concessões de exploração e/ou plantações florestais.
Outros tipos de biomassa encontrados em Moçambique podem ser utilizados como fonte de energia complementar à biomassa florestal.
Daqui destacam-se os resíduos das explorações agroindustriais (casca de arroz, casca de coco e outras), e os materiais residuais das indústrias transformadoras da madeira (serrins das serrações, fábricas de mobiliário e carpintaria).
De referir ainda a utilização de matérias vegetais da remoção e conversão de palmares em declínio afectados por doenças.
Na indústria de produção de pasta de papel (indústria da celulose) são utilizados os materiais residuais do processo de cozedura da madeira designados “licores negros” que são queimados em caldeiras de recuperação que produzem vapor para utilização como fonte de energia térmica para o processo e energia eléctrica.
Este tipo de produção pode ser competitiva, e existem planos para instalação de projectos em Moçambique que podem constituir fontes de geração futura
Moçambique tem uma forte tradição na produção de açúcar com 4 unidades fabris actualmente em operação e mais de 40.000 hectares já plantados. O país apresenta óptimas condições para a expansão deste tipo de cultura.
Tradicionalmente, o bagaço (matéria residual resultante do processo de moagem da cana) é utilizado para produzir energia em cogeração, fornecendo vapor para o processo fabril e para a produção de electricidade.
É possível quase duplicar a potência aproveitando a folhagem que hoje em dia é queimada nos campos, salvaguardando as questões de segurança.
Não existindo em Moçambique um sistema de recolha selectiva de lixos, os RSU são actualmente depositados em lixeiras a céu-aberto, sem qualquer aproveitamento energético.
Dado o seu elevado conteúdo em matéria biodegradável, os RSU podem ser considerados como fonte renovável de energia.
O seu aproveitamento energético pode ser realizado através da sua inceneração com produção de energia eléctrica ou através da sua deposição em aterros sanitários para a produção de biogás.
Nas regiões com maior produtividade agrícola, a plantação de jatrofa para extracção e queima dos óleos em motores preparados para o efeito pode ser uma solução com interesse, mas com custos de geração elevados.
Os principais recursos energéticos de moçambique são a biomassa florestal e a indústria açucareira.
O Atlas do potencial de biomassa para produção de electricidade resulta da combinação do potencial agregado de biomassa florestal num raio de 50 km com o potencial de plantação de cana de açúcar num raio de 20 km. Para tal, foi realizado o mapeamento do incremento médio anual disponível de biomassa com base no inventário florestal, declive, precipitação, interpretação de imagens de satélite e principais condicionantes.
O potencial de biomassa é superior no Norte do país devido a um maior índice de precipitação e condições endafo-climáticas favoráveis, com especial destaque para as províncias da Zambézia e Niassa, no caso do recurso florestal. Relativamente ao açúcar, as maiores áreas encontram-se no delta do rio Zambeze e a Sul, no delta do rio Limpopo.
Moçambique tem um potencial superior a 2 GW de projectos de biomassa, dos quais 128 MW são viáveis a curto prazo:
O maior potencial situa-se na província da Zambézia, seguida de Sofala e Niassa. No entanto, as ainda recentes explorações florestais no norte, a incerteza relativa à indústria da pasta, a necessidade de novas plantações de açucar e os mecanismos de recolha de RSU existentes limitam o potencial a 128 MW em projectos viáveis a curto prazo.
Os projectos de biomassa são os que apresentamos maiores custos variáveis e menor sensibilidade aos custos de financiamento.
A excepção são os projectos de RSU. A instalação de uma unidade de incineração de 30 MW em Matola com uma estratégia de financiamento adequada pode oferecer custos competitivos.
Os dois projectos de biomassa florestal prioritários apresentam custos superiores mas elevado interesse para a rede elétrica e para as regiões onde se inserem: