Moçambique apresenta uma precipitação média anual de 940 mm com forte incidência nos meses de Dezembro a Março.
A concentração de elevado caudal em alguns meses traduz-se invariavelmente em cheias nos meses de afluência e em rios relativamente secos nos restantes meses do ano. Assim sendo, apesar do regime hidrológico irregular, os rios tendem a ter caudais modulares muito elevados.
A precipitação não se distribui uniformemente pelo país, tendo o Norte, nomeadamente as províncias de Nampula, Niassa e Zambézia, precipitações médias entre os 1.030 mm e os 1.225 mm, enquanto o Sul, nomeadamente as províncias de Gaza e Maputo têm muito pouca água, com precipitações médias de 595 mm e 685 mm, respectivamente.
Para além de apresentarem precipitações médias consideráveis nalgumas províncias, as bacias hidrográficas de Moçambique são muito extensas, destacando-se a bacia do Zambeze com 1.390.000 km2, que escoa água desde a Zâmbia e Angola, passando pelo Zimbabwe e Botswana. A contribuição internacional é uma parte significativa dos recursos hídricos Moçambicanos, representando 70% do escoamento total no território
A análise do recurso hidríco envolveu um exaustivo estudo hidrológico com base em 1.400 postos udométricos e 700 estações hidrométricas por todo o território. As bacias e rede hidrográfica de Moçambique foram modeladas com vista à elaboração do primeiro mapa de escoamento superficial do território. O caudal e queda disponíveis foram avaliados ao longo de todo o território para a elaboração do Atlas do Potencial Hidroeléctrico.
O mapa de potencial hidroelétrico mostra que as províncias de Sofala, Zambézia e Niassa são as zonas com maior potencial energético devido à conjugação do caudal e morfologia do terreno mais favorável, identificando-se locais de elevada queda. No entanto, o maior potencial de produçãoestá ao longo do rio Zambeze, onde se registam os caudais mais elevados.
Potencial Hidroeléctrico por Província
Foi realizada uma pesquisa exaustiva aos arquivos existentes, tendo sido georeferenciados 265 aproveitamentos identificados no passado.
Foi identificado um total de 1.446 novos possíveis projetos hidroelétricos, com um potencial total de 18 GW.
Os 1.446 projectos foram mapeados, simulados e orçamentados, donde resultaram 351 locais prioritários, com um potencial total de 5.6 GW com potencial económico e sem sobreposições.
A província de Tete é a que apresenta maior potencial, seguida de Manica e Nampula.
No entanto, em termos de projetos com potencial económico destacam-se, além de Tete, as províncias de Nampula, Niassa e Zambézia.
Entre os 5.6 GW de projectos prioritários, cerca de 3 GW são de projectos muito competitivos, essencialmente concentrados no rio Zambeze e em projectos de grande dimensão (mais de 100 MW por empreendimento).
Estes projectos têm a vantagem de aproximar a geração do consumo melhorando a qualidade da energia e promovendo o desenvolvimento regional.
Adicionalmente foram ainda identificados cerca de 236 projectos de pequena escala (menos de 5 MW), quer para a ligação à rede, quer para electrificação rural, sendo que neste último caso é sempre necessário considerar apoio térmico para a produção e energia nos meses de menor caudal.
Abaixo dos 100 kW verificam-se inúmeras possibilidades não incluídas nos 351 projectos prioritários.
Dos 351 projectos prioritários identificados a maior parte são a fio de água, sendo que apenas 23 projectos têm potencial para regularização a custos competitivos.
O volume total de armazenamento destes 23 projectos corresponde a 107.000 hm3, o que representa sensivelmente duas vezes a capacidade da albufeira de Cahora Bassa.
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A província de Tete é a que oferece maior potencial de regularização, em particular a cascata do rio Zambeze e o projecto de Chemba. Adicionalmente ao Zambeze, os rios Búzi, Messalo, Luenha e Maputo apresentam-se como os rios com maior potencial.